sexta-feira, 24 de julho de 2009

Saídas para a angústia?



Saídas para a angústia?

Existe uma grande demanda, por sucesso, poder e prosperidade, como se todos, sem distinção, pudessem estar ao mesmo tempo sob holofotes e aplausos, o que é impossível. Este estado de coisas gera angústia e ansiedade. Os tempos são midiáticos e as pessoas em evidência, no meio artístico, social, político, ou religioso, nos dão a impressão de que pairam acima das dificuldades humanas, das frustrações e decepções, como se vivessem uma sublime e plena felicidade, que faz inveja aos mortais e os leva a alimentarem o desejo de fama, poder, riqueza, coisas que imaginariamente eliminariam a angústia.

Para atender a essa demanda de satisfação plena, proliferam religiões e fármacos. As religiões prometem prosperidade e cura para todos os males do corpo, prometem saída para todas as angústias e solução para os endividados, submersos nos problemas financeiros, dando-lhes esperança de inserção plena na sociedade consumista.

A eternidade, em outros tempos, alvo da religião, foi posta de lado, o futuro, o “post mortem”, não importam na atualidade, pois o que aflige o homem dos tempos modernos é o presente, e a glória que ele almeja não é a futura, como em tempos passados, mas a presente, a terrena. Quem vai se preocupar com o céu, se temos a TV, as revistas de famosos, as colunas sociais, tudo tão grandioso e espetacular? O momento é agora! E em tempos imediatistas alguns “vendem” a alma ao diabo pra chegar ao topo.

A religião não dá conta de satisfazer a demanda terrena, até porque não é essa sua função, sua função é conduzir o fiel à plenitude espiritual e a última fronteira dos desesperados é, então, a medicalização da angústia com drogas de última geração. Disso resulta, crescente, o número de pessoas cujo sorriso é mantido pela ingestão diária de pílulas para dormir, para acordar, para viver. Pessoas dependentes químicas que, sob a dor maquiada, escondem a frustração num tempo em que é preciso ser feliz, custe o que custar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário