quinta-feira, 16 de julho de 2009

CONSUMIR: uma solução para o mal-estar?



CONSUMIR: uma solução para o mal-estar?

Estamos vivendo, o momento da cultura do espetáculo, que encanta, seduz, ludibria com promessas de felicidade. Os investimentos em marketing e propaganda são muito altos, há um quartel pensante de artistas criadores que, entre si, disputam, acirradamente, na competitiva indústria da informação visual. Tudo é cuidadosamente calculado para encantar e atrair cada vez mais consumidores em sua busca de prazer, o alvo, porém, é fazer subir a temperatura nos bolsos dos que concentram o capital que movimenta os lucrativos negócios.

A indução ao consumo é estimulada ainda pelo olhar do outro, pela necessidade de aprovação, e neste sentido arquitetura dos Shoppings Centers é planejada, proporcionando que, ao circular, todos se vejam, se comparem, e busquem se igualar, ou seja, que consumam hipnotizados pela sedução oferecida pelas vitrines iluminadas, pelo desejo de ser aceito pelo outro e pelo falso sentimento de necessidade.

Na cultura do espetáculo as coisa devem acontecer de forma veloz, a fim de que os sujeitos não tenham tempo para pensar, e a política do mercado é investir também em recursos que “facilitem” a vida do consumidor, tais como cartões de crédito, de débito, crédito rápido, pagamentos facilitados nas compras pela internet ou pelo celular. Tudo isso para proporcionar ao consumidor a sensação de felicidade, ilusão de satisfação afetiva que entretanto não preenche a falta nem põe fim à angústia, angústia esta que ganha força e perdura diante da realidade do endividamento. Porque os encantos do mercado são dirigidos a todos, entretanto, há um profundo abismo entre os que podem e os que não podem, na realidade capitalista, satisfazer seus desejos de consumo.

Na atual sociedade não se valoriza o ser, os valores da pessoa, valoriza-se o ter, e os mais valorizados são os que ostentam mais. Tem valor quem usa o último lançamento da moda, anda no carro mais moderno, tem o celular mais caro, este é considerado mais inteligente, mais culto, mesmo que lhe falte essas virtudes, mas o mercado não se importa com estes detalhes, ele precisa ser alimentado com inovações diárias para incitar o desejo do consumidor. Na competitividade consumista há um ponto de largada, mas não existe a linha de chegada, porque esta avança sempre, e a meta se torna inatingível.

A compulsão por compras, mal que atinge a sociedade e principalmente as pessoas jovens, caracteriza-se pela necessidade de adquirir aquilo de que não necessitam e em quantidades e valores que comprometem suas rendas. Essa compulsão é uma das novas patologias da cultura contemporânea. Quem compra não deseja a posse material do bem, o que leva a comprar é a necessidade de sentir a momentânea sensação de prazer, em outras palavras, o que move o consumidor compulsivo é a necessidade de se sentir bem, de se ver livre do insistente mal-estar que lhe incomoda por dentro.

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