segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quem virá a ser essa criança?



Quem virá a ser essa criança?

É o que penso quando vejo um bebezinho. Bebês são indefesos, de uma fragilidade tal que invoca a nossa própria. Ficamos encantados e nem percebemos que estão crescendo a cada instante. Se assim continuamos, encantados, perdemos a noção do tempo e hipnotizados não nos damos conta das transformações que acontecem.

Cada bebê é uma pessoa com potenciais incríveis, eles podem ser artistas, músicos, pintores, arquitetos, cientistas, astronautas e tantas outras coisas, mas quem se lembra disso quando os fitamos? São indescritíveis! Se os olharmos mais atentamente teremos a impressão de que zombam de nós, como se soubessem algo que sequer imaginamos e se divertissem com nossa ignorância.

Acho que estão certos os bebês. Somos mesmo ignorantes acerca deles, ignoramos sua capacidade e os tratamos sem a competência e inteligência que eles esperam, é por isso que, ao crescerem um pouquinho, alguns assumem o comando, passam a dominar e estabelecem a ditadura. Eles mandam, os pais obedecem e inaugura-se o caos familiar. Os pais perderam a voz, a autoridade, a capacidade de impor limites, aliás, dar limites é uma tarefa altamente desgastante, mas de fundamental importância. A paz social depende disso.

Os lindos bebês precisam ser barrados enquanto crescem, porque os fofinhos de ontem são hoje adolescentes, jovens e adultos. Cresceram! Muitos deles, satisfeitos demais, receberam tudo o que pediram, aprenderam a exigir, a manipular, gritar, não foram frustrados e, por não terem sido barrados, não tiveram a possibilidade de se sentir amados. Cresceram achando que podiam ter tudo a qualquer preço. Consequência disso é que muitos adultos infelizes, deprimidos, casam e descasam, se desentendem com patrões e chefes, se relacionam mal com todos, não sabem ceder, nem perder, porque não aprenderam a lidar com frustrações.

Assaltantes, seqüestradores, assassinos de aluguel, estelionatários, hackers, pit boys, todos foram lindos e fofos bebezinhos que aprenderam a subjugar, subtrair à força, para satisfação da própria vontade. Delinquentes por diversão, não valorizam a própria vida, nem a dos outros. Podemos ler em seus rostos que zombam de nós. A delinquência tem uma variedade de causas, mas umas das principais é a ausência de limites na infância. Amar é dar limites.

O portão estava aberto e um pai, não querendo que a filhinha de dois anos fosse para rua disse: “vai filha, pode sair, pode ir pra rua”. E a menina respondeu “não”! E não foi. O pai me olhou sorridente e disse: “que gracinha né, viu como ela é esperta? Se eu dissesse pra ela ficar aqui dentro, ela teria saído. Quando quero que ela faça uma coisa, falo o contrário”. Fiquei pasma, enquanto imaginava aquele pai diante da filha na adolescência. Como ele lidaria com ela? Felizmente, pude orientar a tempo aquele homem, bem intencionado, inteligente, amoroso, mas ainda hipnotizado pelo bebê que crescia, sem ele se dar conta.

Quem virá a ser este menino? Essa questão foi levantada por umas pessoas do vilarejo onde nasceu João Batista, o profeta. Zacarias, o pai, por não acreditar que Deus lhe daria um filho ficou mudo como castigo. Veja com detalhes, na Bíblia, em Lucas 1. Nasceu o bebê que precisava de um nome, a mãe não podia nomeá-lo, era o costume, cabia ao pai fazê-lo e este impedido de falar, escreveu numa tabuinha: João é o seu nome. Imediatamente sua voz voltou, e as pessoas impressionadas questionaram entre si: quem virá a ser este menino?

João significa Deus é misericordioso. Sem dúvida, cada bebezinho revela a misericórdia ou graça divina personificada em bebês, esses filhotes dependentes, doces, ávidos por aprender, conhecer, assimilar o mundo, seres humanos com um grande potencial para o bem, para a alegria e a felicidade, mas para que todas essas bençãos se tornem reais para eles, depende de nós, da maneira como os introduzimos na vida durante os seus primeiros e preciosos sete anos, pois o que é apreendido nos primeiros sete anos de vida de uma criança, determina a qualidade do seu caráter. A responsabilidade pertence aos pais ou cuidadores.

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