sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Felicidade



Felicidade

Felicidade é uma expectativa universal. Todos estão em busca e muitos não têm a menor ideia do que vem a ser. Poucos conseguem esboçar a noção que possuem do que seja felicidade. Não há felicidade padronizada, porque ela varia na mesma proporção em que diferem os desejos e variam as formas de sentir, viver e pensar humanos.

Uma coisa é certa: felicidade é algo que se entende a partir do seu oposto infelicidade – estado de insatisfação constante - do qual todos querem se livrar. A infelicidade é dolorosa, só a entende quem a sente, não importa se é irracional para os outros, ela faz sentido para o infeliz. Algumas vezes ela tem nome e sobrenome e é sustentada por um sentimento de impotência e rejeição.

Há os que se acostumam a uma vida infeliz por acomodação, não por impossibilidade de mobilização para mudar, porém lhes falta fé na possibilidade de mudança, mas também há os que não desistem de lutar, esperançosos, por entenderem que ser feliz é possível.

Muitos se sentem infelizes pela irrealização de seus desejos, desejos que dependem da vontade de um outro que não se submete, e porque o outro não cede essas pessoas se julgam, rejeitadas, desrespeitadas e sofrem.

Felicidade é ser inteiro apesar, e independentemente do outro, pois o outro está ocupado consigo mesmo, com a própria sorte e anseio de felicidade. Ninguém pode fazer alguém feliz, cada um é feliz por si mesmo, pois uma felicidade dependente do outro é apenas um simulacro de felicidade.

Ser feliz requer gostar de si, estar consciente das próprias potencialidades e internalizá-las, não basta saber-se potente, conhecer o próprio valor, o próprio potencial, esse saber tem que ser integrado ao eu, para que o sujeito se sinta completo, para que o sujeito venha a SER. Felicidade é conquistada através do autoconhecimento.

SER é desatrelado do TER na forma vivenciada hoje, ter por ter, um consumo destinado a preencher a falta instalada no íntimo, consumo garantidor da aprovação daquele outro que inspeciona para aprovar ou não. A ignorância do autovalor se expressa na demanda pela aprovação do outro, que, se acolhida e convertida em aceitação, evoca a ilusão de felicidade.

Felicidade é a capacidade de ser tocado pelo encanto das coisas simples, é uma espécie de empatia experimentada na percepção do que há de belo na vida, e só é experienciada por quem é livre por dentro. Livre de mágoa, rancor, dor, livre da necessidade de demandar do outro o que ele não pode dar. Não que não queira, simplesmente não pode.

Livre para captar o encanto de um sorriso infantil, livre para perceber como é bom acordar e não sentir dor, após uma noite inteira de sono repousante, livre para agradecer a saúde dos queridos, o emprego, o salário no fim do mês, o sair e retornar sem sofrer violência nas ruas, livre para entender que estar vivo é motivo para ser feliz.

Felicidade não é ausência de problemas, é a certeza de que todo momento ruim passa, se deixarmos que passe. Não existe paz sem um enfrentamento organizador dos conflitos internos, paz sem combate é poeira que se levanta ao sopro da mais leve brisa e embaça a visão.

Felicidade é resultado da pacificação interior dos conflitos, que se dá através do questionamento da própria história e da aceitação das escolhas que são feitas na vida. A partir daí é seguir adiante e descobrir todas as reais possibilidades para ser feliz.

"Eu tenho muita preguiça de ser infeliz, minha visão sempre seleciona o melhor" Zuenir Ventura