quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O que foi feito da liberdade feminina?



O que foi feito da liberdade feminina?

Oprimidas durante séculos, as mulheres viveram sob uma organização social patriarcal, que as subjugava, humilhava, emudecia. Sufocadas não se acomodaram, mas foram lenta e gradativamente fazendo pequenas conquistas. Além das prendas domésticas adquiriram direito à alfabetização e à leitura, o que lhes possibilitava vislumbrar horizontes novos. Aprenderam não só a pensar, mas a questionar a própria vida, e ansiar pela liberdade.

Inicialmente desfizeram-se dos espartilhos, depois das volumosas anáguas e, algumas passeatas após, dos sutiãs, que foram queimados em praça pública. Ser reconhecidas como pessoas com cérebro era o que desejavam, e também espaço numa sociedade dominada por homens. Não queriam bordar, crochetar, tricotar ou costurar, queriam ir às universidades e conseguiram.

Muitas mulheres, desde então, têm se destacado em várias áreas do saber antes restritas aos homens tais com engenharia, medicina, pesquisas em geral, serviço militar, astronomia, dentre outras, e se o objetivo era competir de igual para igual com os homens, conseguiram chegar lá, ganharam respeito e provaram a capacidade intelectual feminina. Deixaram de ser apenas parideiras e com a ajuda dos anticoncepcionais, controlaram a maternidade. Menos filhos e mais liberdade sexual, enfim agora as mulheres se tornaram como os homens! Livres!

Lembro-me de Eva, no paraíso: entediou-se e queria mais, queria conhecer o bem e o mal. Obteve um conhecimento que veio acompanhado de dor, suor e lágrimas. As mulheres provaram ser tão boas quanto os homens, mas com a emancipação, ganharam também jornada dupla, infarto, stress, pressão alta e, apesar da competência, salários inferiores, o que não significa dizer que não valeu a pena. Valeu sim e muito!

O que não vale a pena é ver o que a geração atual faz com o presente que recebeu, parece que a geração passada, que lutou, esqueceu de transmitir o valor da conquista para as seguintes, e as meninas que nasceram emancipadas, desconhecem o real valor da liberdade que possuem. Perdeu-se o foco e o rumo, a ênfase não foi a conquista social, e sim a liberdade sexual, que faz de grande parte das mulheres de hoje escravas da sensualidade.

Liberdade libertina de corpos nus, autodesvalorizados. No passado a luta contra a objetalização, e hoje mulheres objeto por escolha, guerreiras nuas, focadas no corpo, escravas vendidas, expostas, trocadas, carne moldada a bisturi, sangue, suor e silicone. Muito dinheiro investido no aprimoramento de um corpo que satisfaça olhares masculinos, horas de exercícios que façam crescer glúteos.

Lembro-me novamente de Eva que, depois de obter o conhecimento, percebeu-se nua e cobriu a nudez. Fora do contexto espiritual vejo metaforizada a questão atual. Ao adquirir conhecimento Eva percebeu que a nudez já não cabia na situação, ela perdera a inocência, ganhara conhecimento e este se opunha à mera sensualidade. As mulheres de hoje se tornaram morangos, melancias e outras frutas conforme o tamanho e formato do bumbum. O que aconteceu ao cérebro delas?

Percebemos que muitas meninas ao serem indagadas sobre o que desejam ser, respondem candidamente: modelo ou atriz. Acreditam nas aparências do que veem, ignoram o que se esconde atrás do aparente glamour, desconhecem a angústia e solidão dessas mulheres que fingem alegria. O pior é que inúmeras mães desavisadas incentivam as filhas projetando, nelas, seus desejos não realizados.

Urge trazer à realidade as mulheres, fazer que desejem ser novamente respeitadas, mulheres auto-valorizadas, que se destaquem pelo valor pessoal, intelectual e ético, admiradas por sua capacidade e inteligência, libertas da vergonhosa posição de objeto sexual, que as subjuga.