Vida, privilégio de existir, vivenciar
uma época, contribuir, exercer influência no mundo. Nada vale mais que a vida
humana, e não é à toa que a ciência luta por preservar, prolongar. Mas essa
preciosidade está sujeita ao tempo, senhor severo e impiedoso que assiste incólume,
à tentativa humana de se tornar imortal, fingindo-se ludibriado. Puxa! Estica! Injeta!
Quem sabe enganamos o tempo? Pílulas! Fórmulas para a juventude, uma luta feroz
contra o poderoso tempo.
Vida e tempo coexistem se fundem,
mas são independentes... A vida passa, o tempo fica e, com ele, fica também tudo
o que conquistamos, esquecidos de viver. Tentamos controlar esse senhor, aprisionando-o
em horas, dividindo-o em períodos de meses e anos, e sequer conseguimos organizar
a vida.
O tempo tem todo o tempo do mundo
para alternar entre dias, noites, primavera, verão, outono... Ninguém limita o tempo, limitada é a vida. Tudo
o que temos é o momento presente. Do passado lembranças, algumas se vão, outras
nos seguem martelando a mente, determinando o presente. O futuro, só o tempo
dirá...
Apressados com a pressa que
aprendemos nos tempo de hoje, era da velocidade, dizemos que não há tempo, quando
de fato, tempo há de sobra, que não cabe no nosso pouco tempo de vida aqui.
Pensamos que tempo tem a ver com
movimento, mas o tempo é estático, nós é que passamos por ele, com a nossa
finitude. Tempo é eternidade. As tartarugas descobriram isso antes de nós, e vivem
mais... Duzentos a trezentos anos, sem pressa, enquanto morremos depressa e de
pressa.
Criamos velocidade no ar, na terra,
nas informações, temos pressa! Chegar rápido, para sair logo, não podemos esperar, o tempo
passa... A internet tem que ser rápida com um mundo de informações que não dá
tempo acessar, mas se for lenta o tempo passa...
Correndo desaprendemos como
desfrutar o que a vida oferece: mar, ar livre, sol, natureza. Viciamo-nos em adrenalina
ocupados em acumular coisas que ficarão aqui quando partirmos, e que,
ironicamente, serão destruídas pelo tempo.
Tempo, sol, mar, natureza, nos
veem passar e estamos sem fôlego, exaustos, achando que isso é vida! Vivemos
sem existir, sem viver, conviver, como autômatos velozes, ligados em coisas,
negócios, bens, conquistas, competições, mas não na vida. Esta, só percebemos
quando em risco de perdê-la, aí nos damos conta de que é preciosa, frágil...
Alguns minutos sem ar e vai se embora a vida.
É possível entender a vida lembrando
que somos mortais, e que a vida é um sopro; já o tempo... Sempre haverá para as
vidas que virão. Viver é amar, compartilhar, sorrir, brincar, conviver, tomar
sol, sentir o ar, respirar.
Viver é ser presente, estar
presente, inteiro, imprimir boas lembranças nas mentes das pessoas que amamos...
Afetá-las positivamente, alegrar-lhes o coração, sabendo que mesmo as lembranças
boas, cedo ou tarde, também se desfarão, diluindo-se no tempo.
... O que
é a vossa vida? Sois como uma névoa que aparece por pouco tempo e logo se
dissipa. Tg 4.14
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