quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem sou eu?




A solidão nos proporciona um contato íntimo com nós mesmos, momento de encarar sentimentos que nos habitam. A maioria das pessoas não suporta esse confronto com fantasmas, lembranças de coisas que querem esquecer, mas que as assombram, estejam ou não, sozinhas.

A solidão apavora porque evoca lembranças, desperta sons que teimam em voltar. Para abafá-los são convocados sons externos: música, quanto mais alta melhor, TV, ou qualquer outra coisa que impeça que a angústia interna cresça.

Estar só é encontrar-se com esse EU desconhecido, o SER que habita em nós. Conhecer-se é libertar-se. Quem não se conhece pensa ser o que os outros dizem que é.

O autoconhecimento liberta-nos do discurso do outro, dos vários discursos que ouvimos ao longo da existência que fizeram com que construíssemos uma falsa imagem de nós mesmos.

Não somos o que os outros dizem, somos outra pessoa, bem mais interessante, muito mais capaz, inteligente, perseverante, forte e feliz.

O autoconhecimento livra-nos da fantasia de que o outro é mais feliz. Essa fantasia nos cega, nos impede ver que, como nós, ele tem angústias, tristezas, fraquezas, compra compulsivamente e se endivida, come compulsivamente e engorda, disfarça, não fala de si mas fala dos outros, enquanto se esconde atrás das aparências.

Ao nos conhecermos, descobrimos que temos defeitos sim, muitos! Os outros estavam certos! Não podem perceber nossas qualidades, não querem que elas apareçam, por isso investem em nossos defeitos. Se acentuam nossos defeitos e erros, ficam parecendo melhores que nós. Não fazem isso por maldade, fazem apenas porque são humanos, errantes e, como nós, buscam aprovação.

Mas ao nos conhecermos de fato, vamos descobrir que, aos nossos defeitos se contrapõem virtudes que nem imaginávamos! Os defeitos apontam a nossa humanidade, todos os têm. As virtudes nos aproximam de Deus, elas fundamentam nossa força interior, fortalecem o nosso ego.

Quem sou eu? Responder a isso é decifrar o enigma da própria existência, é capacitar-se a enfrentar a convivência com outros indivíduos, sem artifícios, máscaras, fingimento, é estar apto a ser aceito pelo outro, ou não! Mas seguir em frente, com alegria, apesar disso.

Jamais seremos aceitos por todas as pessoas ao mesmo tempo. Sempre teremos que tolerar alguma rejeição da parte de alguém que, na verdade, não está obrigado a nos aceitar... Nem nós a ela... Se alguém nos rejeita não significa que somos inadequados, significa apenas que não agradamos àquela pessoa.

QUEM SOU EU? Se respondo essa pergunta, estou apto a suportar, com tranqüilidade, as pressões impostas pela vida em sociedade. E uma coisa é certa, somos imperfeitos, mas apesar disso, aceitos e absolutamente especiais para quem nos ama, admira e respeita.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Momentos

A vida nos possibilita vivenciar, com as pessoas que amamos, momentos que são muito especiais. Isso acontece o tempo todo e não percebemos, não nos damos conta de como são gloriosos todos os momentos se nossa família, amigos, parentes, cônjuges, gozam saúde. Disso sabe qualquer pessoa que tenha um parente, ou amigo, com um diagnóstico de doença grave ou incurável.

Essas pessoas aprendem o valor da vida vivenciando o medo da perda. Será que para mensurarmos o valor de alguém é necessário que esse alguém esteja em risco de morte? O que nos impede valorizá-lo antes disso? Ficamos ocupados em exigir, cobrar, reclamar, controlar, esquecidos de que o outro é apenas um ser - humano, e como tal, tem defeitos, muitos defeitos: é molenga, distraído, intolerante, descuidado, irresponsável, irritante, desleixado, relaxado, chato!

Ligados nos defeitos nem percebemos como é lindo o seu sorriso! Sorriso que um dia, inesperadamente, pode se apagar... Além disso, tem um jeito de andar só dele, um olhar único, incomparável! Nenhum outro olhar tem a mesma expressão e brilho, ninguém jamais se comunicará conosco com olhar semelhante.

Somos assim, cada um de nós, únicos! Peças humanas que não podem ser repostas. Por isso cada uma das pessoas singulares que passam por nós, nos proporcionam momentos muito especiais e únicos!

Gargalhadas... Gargalhadas são especiais, contagiantes! Também abraços, beijos, afagos, afetos...

Se as pessoas se vão, queremos ter de volta aquele sopro de vida, damos qualquer coisa por um sussurro, um olhar, um toque, mas temos tudo isso agora enquanto estamos juntos, vivos!

Que delícia assistir um filme, amontoados numa cama, comendo pipoca! Pouco importa se o filme é bom ou ruim, quanto pior melhor! Interrompemos mais vezes e nos divertimos rindo da escolha ruim, ou de quem escolheu... Não importa, desde que todos se divirtam.

Passear no shopping, na praia, de carro, ouvir música, discutir assuntos variados, concordar, discordar. Todos esses momentos são especiais, pois neles vibra a vida dos que compõem o grupo, o par.

Sentir o sol, contar estrelas, correr da chuva, pagar mico, rir, sorrir, chorar junto, compartilhar. São grandes momentos! É a vida!

Só a vida possibilita essas vivências, porque se ela acaba para alguém, não podemos fazer voltar para aquela pessoa. Podemos, sim, buscar novos momentos com outras pessoas, nada mais.