quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Jesus, a Razão do Natal

Tempo de festas, de confraternização, de banir as diferenças, hora de ser feliz, de dar e receber carinho. Há uma enorme demanda de afetos concentrada no Natal.

Natal rima com companheirismo, sorriso, alegria e principalmente tolerância.

O natal gera uma curiosa metamorfose em nossas almas, passa a predominar a solicitude, nos tornamos prestativos, compreensivos, tolerantes, pois não queremos estragar o momento.

Não seria bom fingirmos que todo dia é natal? Então poderíamos ser tolerantes o ano todo: brigaríamos menos, sofreríamos menos, adoeceríamos menos, pois permissivos consentiríamos e aceitaríamos os diferentes modos de ser, pensar e sentir das pessoas com quem convivemos.

Sabemos que Natal não é só festas, nele há também muita solidão, depressão, angústia e dor de quem não soube se doar, perdoar, tolerar o outro e que por isso mesmo, baniu, sem querer, para longe de si quem lhe era caro.

Mas Natal é também tempo de voltarmos atrás, de nos humilharmos, pedirmos perdão e perdoarmos, porque orgulho só rima mesmo com solidão. Podemos dar importância ao que realmente importa e viver, sorrir, doar um pouco de nós.

VIVER, plenamente, em honra daqueles que lutam pela vida numa cama de hospital, impossibilitados de festejar, em casa, o natal.

SORRIR, de verdade, em honra daqueles que tiveram o sorriso roubado pela fatalidade da vida e a quem só restam lágrimas para regar o natal.

DOAR, o melhor de nós, em honra do Criador que doou Jesus, Seu Filho, O Salvador, o Messias festejado, o Rei nascido.

Natal é momento de aprendermos com o Mestre a sermos tolerantes. Ele, a perfeição, amou os imperfeitos; justo, suportou com paciência a injustiça; Santo, compartilhou sua santidade com pecadores, prostitutas, ladrões. Não os acusou, discriminou ou rejeitou. Simplesmente amou e compreendeu suas impossibilidades e fraquezas.

Doou-se por eles, por nós, por todos. Para isso nasceu Jesus, a razão do Natal.

Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. (Is. 53. 5 (NVI)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Amor

Nosso desejo é ser alvo de amor, desejo lícito, pena que, na maioria das vezes, baseado nas nossas fantasias sobre o amor, fantasias que nos impedem ver o amor que estamos recebendo, ou seja, o amor ofertado pela pessoa amada, expresso em gestos, às vezes simples, mas sempre amáveis.

Devemos entender que cada pessoa ama como pode, como é capaz, e que é inútil querermos mais e que, se olharmos através das lentes da bondade, vamos descobrir que recebemos mais do que precisamos.

O amor que nos é dedicado passa pela subjetividade do doador, é fruto de suas vivências, da forma como interpretou os fatos da sua história e é, sem dúvida, o melhor que ele pode dar de si. A questão é que o nosso imaginário é marcado por uma idéia primária de um amor desfrutado numa época em que éramos dependentes de cuidados especiais, envolvidos por carinho, colo, seio, afeto materno.

Esse modo primitivo de sentir nos leva a rejeitar o que recebemos hoje, porque imaginariamente queremos ter de volta aquele acolhimento, aquela sensação de unicidade para sempre perdida, e assim deixamos de usufruir a grandeza do que temos.

A carência desse amor primário faz com que, pela vida afora, queiramos que alguém preencha a nossa falta com atenção exclusiva, proteção, companhia, dedicação, renúncia própria, ou, em outros termos, colo. É uma carência que cega e nos impossibilita perceber que ninguém pode suprir essa falta, porque cada pessoa carrega em si falta igual.

A pessoa ao nosso lado, algumas vezes, tenta atender à demanda que lhe é feita e acaba fazendo concessões, mas o faz na expectativa de retribuição porque necessita ter igualmente preenchida a própria necessidade afetiva, a própria falta. O resultado é frustração, pois amor algum basta a quem o demandou.

Só pessoas emocionalmente maduras amam, por estarem aptas a se doar, pois amor é doação, é renúncia. Amar é renunciar privilégios, egoísmos, é partilhar, compartilhar, dividir, permitir. Sinônimos que significam abrir mão de si, das próprias vontades e desejos a favor de alguém, sem nada querer em troca e sem nada perder. No amor perfeito existe reciprocidade, complementariedade. Mas, só "adultos" se amam assim.

Enquanto estamos focados em nós mesmos, de nada abrimos mão, e impomos ao outro que nos mime, nos bajule, releve nosso destempero, tolere nossa intolerância, enfim, agimos como criança, mas se pudermos olhar para além de nós mesmos, vamos perceber tanto a necessidade de quem convive conosco, como o movimento que ele faz tentando nos agradar, e seremos capazes de, com gratidão, receber sua doação, seu amor.

É necessário maturidade emocional para, com gratidão e respeito, perceber e aceitar a cota de amor que recebemos, compreendendo que, a seu modo e com o que possui, o outro dá o melhor de si. Só assim podemos chegar próximos da plenitude de amor e paz que desejamos.

O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. (Romanos 12.9)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quando nos dizem não.

Receber um NÃO e seguir em frente é necessário. Temos o direito de investir apenas um curto tempo para respirar, absorver e partir em busca de uma saída. Um NÃO só pode ter o dom de nos paralisar, ou de inviabilizar a nossa caminhada, se atribuirmos a ele esse poder paralisador, mas se escolhemos minimizar o seu valor, “metabolizar” sua importância, podemos transformá-lo em energia construtiva.

O que é um não? É a forma como alguém se posiciona, diante de uma demanda que recebe. Algumas pessoas dizem não, apenas para gozarem a sensação de poder. Nada perderiam dizendo sim, mas dizer não faz com que se sintam poderosas. Há aquelas que simplesmente se negam a oportunizar algo a alguém, e há as que sabem que oportunizar não é o melhor a fazer, naquele momento. Se importam com a necessidade do outro, mas sabem que o ideal não é dar o peixe, mas deixar aprender a pescar. Mas há também uma outra categoria, a das pessoas que não querem se comprometer. De qualquer forma e qualquer que seja o motivo, toda pessoa tem direito de nos responder com uma negativa por mais que isso nos incomode.

O que de fato conta na vida, é o que fazemos com os NÃOS que recebemos. Temos alternativas e podemos escolher se vamos permitir que alguém ao dizer um não, determine nossa vida e nosso futuro. Um não, jamais pode ser um fim de linha, ao contrário, tem que ser o começo de um novo trajeto, tem que funcionar como um motor que nos impulsione a seguir adiante com mais vontade e determinação. Ao receber uma negativa precisamos vê-la como é: apenas mais um obstáculo a ser vencido. Se encaramos assim, liberamos nossa mente para criar possibilidades novas e vamos nos surpreender com o que somos capazes de fazer, com nossa inventividade.

O máximo que um NÃO pode fazer contra nós é tornar o caminho mais longo, mas não necessariamente mais penoso, pelo contrário, a busca por alternativas tem que nos inspirar, nos tornar criativos, curiosos, nos possibilitar descobrir, em nós, capacidades que ignorávamos e colocar nossa autoestima em ascensão. Um não pode ser, em alguns casos, mais libertador que alguns sins, porque há sim que, dependendo de quem vem, aprisiona, amarga a vida e pode minar nossa possibilidade de crescimento.

Porque as pessoas dizem sim? Algumas o fazem para mostrar poder, outras para oportunizar alguém com quem se importam, e umas simplesmente por não conseguirem dizer não. Estas, dizem sim e ficam ressentidas consigo mesmas porque gostariam de ter dito não... e às vezes deveriam ter dito, seria mais produtivo para ambos os lados, que o sim dado.

Até podemos esquecer quem um dia nos disse sim, mas os anos dificilmente conseguem apagar a lembrança de um não. Os nãos ganham expressividade e supervalorizados, são muitas vezes usados como ferramenta de acusação e arma de defesa para nosso fracasso. Não nos esforçamos suficientemente, não investimos o tempo que devíamos, nem nos posicionamos com determinação buscando realizar nossos sonhos, mas podemos nos desculpar acusando alguém que nos disse não, de ter impedido o nosso avanço.

O acolhimento da nossa demanda, o sim, é esquecido e às vezes nem mencionado por nós, já o não, mexe com nossa sensibilidade...

É interessante como gostamos de “SINS”, mas incrível a capacidade que temos de não valorizar quem os concede. Temos uma natureza dada à ingratidão, nos achamos merecedores e, nesse caso, inconscientemente, achamos que a pessoa que acolheu nossa solicitação, não fez mais do que a obrigação dela... por isso, somos capazes de arrastar a lembrança de um não, pela vida afora, atrelado ao ressentimento contra a pessoa que o deu, mas esquecemos o benefício de um sim, e o benfeitor.

O sim tem o dom de nos fazer sentir aceitos, acolhidos, aprovados, plenos, satisfeitos, felizes e ... insensíveis. Ficamos tão satisfeitos que, logo esquecemos o bem recebido, como os dez leprosos da Bíblia. Até o Senhor se surpreendeu com a insensibilidade deles: E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? (Lucas 17. 17). Os nove, ficaram tão felizes, tão felizes... a felicidade os desmemoriou. Esqueceram quem eram, de onde vieram, e o acolhimento recebido na dor.

Será que a ingratidão é uma defesa contra a dor de recordar, ou apenas orgulho de quem não quer lembrar que um dia necessitou de ajuda?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gostar de Si mesmo



A solidão incomoda. Ela nos põe frente a frente com o nosso eu, e estar nessa posição é, para algumas pessoas, muito desagradável. Para escapar, ligam bem alto a TV, o som, falam sozinhas, provocam qualquer tipo de interferência que as tire desse embate. As mais angustiadas se refugiam na geladeira, se enchem de guloseimas que possam preencher o vazio que sentem, isso parece menos pior se as comparamos às que recorrem ao álcool ou outras drogas.

Quando estamos na companhia de quem amamos, admiramos, respeitamos, nos sentimos bem. Se estar a sós conosco mesmos nos faz mal, é sinal de que não nos estimamos suficientemente, ou seja, há algo errado com nossa autoestima. Quem se ama, se respeita, se admira se sente bem consigo mesmo, tem autoestima elevada, e pode suportar muito bem um período de solidão.


Gostar de si, requer autoconhecimento e autoaceitaçao, mas a maioria das pessoas se conhece e se reconhece apenas na sua relação com os outros, elas dizem: eu sou uma pessoa carinhosa, amiga, gosto de ouvir os outros, gosto de ajudar as pessoas, trato bem todo mundo, não gosto de dizer não, etc.; sabem do que gostam, mas não sabem quem são, ou o valor que têm.

A definição que fazem de si mesmas se baseia no modo como se relacionam com as outras pessoas e, na ausência destas, perdem a referência, ficam com a sensação de que nada mais resta de bom, o que as deixa melancólicas. Não conseguem perceber que são seres de valor e que, portanto, valem tanto como aquelas outras pessoas que julgam tão superiores ou mais importantes que elas.

Nossa sociedade ignora o Ser e excessivamente valoriza o Ter. Se alguém ostenta bens, é apontada como uma pessoa feliz, realizada. Olhando de longe, tem-se a impressão de que são aceitas, quando às vezes são apenas bajuladas.

SER é estar fundamentado no conhecimento dos valores que integram o eu, como: índole, natureza, temperamento, qualidades morais, que são aspectos inerentes ao caráter e expressam a nossa essência, valores que, embora toquem nossas relações com os outros, não dependem dessas relações para existirem, são patrimônio nosso, inexpugnável, garantidores de plenitude.

Saber quem somos nos dá sentimento de completude, nos capacita a gostar de nós mesmos.

Autoestimar-se é gostar de si mesmo, é estar satisfeito com quem é. Significa estar confiante e seguro no modo de ser, é identificar em si qualidades, valores, potencialidades, mas também defeitos ou imperfeições, incapacidades, impossibilidades, porém amar-se, aceitar-se, apesar disso, porque afinal todos os seres humanos, sem distinção, são incompletos.

A necessidade de aceitação pelos outros é proporcional à medida da autoestima. Quanto mais baixa a autoestima, maior a necessidade de aceitação e mais insuportáveis os sentimentos de rejeição ou inadequação. A autoestima engloba autoimagem, autoconceito e autoaceitaçao.

A autoimagem começa a formar-se na infância na convivência familiar, influenciada não só pelo que é dito, verbalizado, mas também pelo não dito, mas sugerido, insinuado nas atitudes e gestos e inconscientemente captado pela criança. As figuras parentais são os melhores construtores ou destruidores da autoimagem infantil por serem as pessoas mais próximas, e garantidoras da segurança no início da vida de cada um.

Não só os pais, mas outras figuras parentais como tios, avós, irmãos mais velhos, e posteriormente professores, são responsáveis, na maioria das vezes, pelos sentimentos negativos que tantas pessoas arrastam vida afora, tais como: rejeição, inadequação, imperfeição, incapacidade e outros.

Encontramos pessoas infelizes e culpadas, por não terem nascido com a cor da pele, o tipo de cabelo, a maneira, ou mesmo o sexo que os pais gostariam e isso lhes foi expressado de forma negativa na infância, através de críticas ou ridicularizações, causando-lhes um sofrimento que percorre a existência.

Autoimagem é como a pessoa se vê: feia ou bela, gorda ou magra, atraente ou desengonçada, alta demais, baixa demais, orelha grande ou pequena, lábios grossos ou finos demais, etc. e afeta a sua autoestima. A ideia que têm, pode ou não corresponder à realidade, como acontece com as pessoas com transtorno dismórfico, ou transtorno de imagem, que frente ao espelho veem o que não existe de fato.

Por vivermos numa sociedade que cultua o exterior das pessoas: a beleza, a juventude, a magreza, convivemos com pessoas anoréxicas e bulímicas, que, em detrimento da própria saude, tentam enquadrar-se no padrão exigido, tomando medidas desesperadas, na expectativa de serem aceitas, amadas, respeitadas.

Autoconceito é a soma das imagens e opiniões que temos sobre nós mesmos. Se positiva teremos opiniões afirmativas relacionadas às nossas capacidades e ou potencialidades, se negativa nosso autoconceito será negativo: não sei, não posso, não sou capaz, nunca vou conseguir.

O autoconceito negativo começa a ser construído na infância, quando, muitas vezes são requeridas das crianças realizações para as quais elas ainda não desenvolveram habilidades e, por não conseguirem executar a tarefa, são criticadas, humilhadas. Se, todavia, for valorizado o esforço empreendido, haverá contribução para o desenvolvimento de um autoconceito positivo.

Existem pessoas altamente capazes, bem sucedidas, prósperas, mas que apesar disso, têm um baixo autoconceito. Conscientemente sabem das suas conquistas, reconhecem o esforço que fizeram, o tempo que investiram, os títulos conquistados, as batalhas vencidas, mas não conseguem se apropriar inconscientemente de suas conquistas, não as integram ao ser e, em consequência não conseguem se perceber vitoriosas. Faltou-lhes reconhecimento por parte das figuras parentais, as conquistas, não foram reconhecidas, o esforço foi ignorado. As exigências foram cumpridas, a meta alcançada, mas o reconhecimento foi mesquinho.

Autoaceitaçao requer autoconhecimento, ou seja a apropriação dos valores que fundamentam o ser, integração ao eu das capacidades, qualidades, valores. Reconhecimento das potencialidades, apropriação e internalizaçao das conquistas, reconhecimento do esforço empreendido em cada etapa da vida, compreensão de que a imagem externa é importante, mas o que importa de fato é a nossa essência, nosso ser, e que se nos amarmos nenhum desamor poderá nos tornar menores. Se nos aceitamos podemos suportar sempre uma cota de rejeição, porque ninguém jamais será aceito o tempo todo por todas as pessoas.

Identificar as nossas deficiências, fraquezas, fragilidades, incapacidades, debilidades, impossibilidades é fundamental sim, mas apenas para nos certificarmos de que paralelamente a elas, há o que realmente conta, que são nossos valores positivos, e que, além disso, se quisermos, podemos melhorar e transformar em valor muitas das nossas fraquezas.

Tiago1. 4 - Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Família em Crise

A instituição familiar que, durante décadas e gerações, esteve assentada sobre um modelo patriarcal rígido, vive hoje momentos difíceis, foi pega de surpresa pela evolução do pensamento, pela politização das mulheres tardiamente alfabetizadas, enfim, pela emancipação feminina.

As mulheres, pensantes, críticas (o acesso à educação lhes proporcionou isso), reagiram, foram à luta, ganharam voz e conquistaram espaços e direitos, opondo-se à opressão masculina que ocorria, não só dentro de casa, mas em qualquer lugar onde elas ousassem atuar. Sua luta era lícita, assim como suas conquistas, entretanto, não há como negar que esse movimento tão necessário afetou profundamente a instituição familiar.

A causa da fragmentação da estrutura familiar não é a emancipação feminina, e sim a rapidez em que ocorreu mudança nas relações que, pareciam estáveis, mas se assentavam sobre uma estrutura que já não podia suportá-las. Não houve tempo para ajustamentos, a vida é dinâmica. As pessoas continuaram casando-se e constituindo família, enquanto tentavam se ajustar a um novo funcionamento.

Os homens ficaram atônitos, foram pegos de surpresa com o avanço da força da mulher que desautorizava o massacrante autoritarismo masculino. Num dia o sistema era patriarcal e no outro tudo estava desmoronando. É impossível precisar quanto tempo levaremos até que a poeira abaixe e as relações se acomodem, o que sabemos é que a família vive uma fase difícil, sem comando, numa aberta crise de autoridade.

Durante o sistema patriarcal, autoritário o pai mandava e pronto! Mandava nos empregados, nos filhos, na mulher, na casa, em tudo. Não havia espaço para questionamentos ou negociações. O diálogo, a negociação teria propiciado uma transição gradual, mas o autoritarismo não negocia, não abre mão do poder e ao ruir expõe toda a fragilidade do sistema e, neste caso, colocou em situação de risco a instituição familiar.

Saímos de uma situação de negociação zero, para a negociação em excesso. O fim do autoritarismo criou uma lacuna de autoridade nos lares. Os pais temendo ser autoritários se tornaram permissivos, não se dão conta de que as crianças precisam dialogar sim, e de compreensão, amor, mas também de estar sob uma figura de autoridade, ou seja precisam ser barradas. Elas não têm maturidade para impor sua vontade aos adultos, eles é que devem saber o que é melhor para elas, a função destes é educar, ensinar a discernir o certo do errado, o justo do injusto, disciplinar, dando a elas a noção de hierarquia tão necessária à vida em sociedade. Uma das funções do adulto é frustrar a criança, para que ela aprenda a lidar com a frustração, que é fundamental a um desenvolvimento psíquico saudável.

É impossível educar e ser simpático o tempo todo, uma dose de antipatia, de desagrado será necessária sempre durante o processo de educar. As crianças aprendem a enfrentar isso, mas muitos pais, de forma infantil, concorrem entre si para serem simpáticos, e mais queridos pela criança, e nesse jogo se abstém de educar, de exercer autoridade, que significa ser, às vezes, antipático e frustrador. São pais que não conseguem lidar com frustrações e sentem medo do desagrado que será manifestado de forma natural pela criança.

A vida é maravilhosa, tem muitos encantos e dá muito prazer, mas é também antipática, desagradável, frustrante, nos nega a maioria dos prazeres que gostaríamos de desfrutar. Quem não aprende a lidar com frustrações na infância, sofre muito com as frustrações da vida. É na infância que aprendemos a entender que as negativas fazem parte do mundo em que vivemos, mas que precisamos conviver com elas.

Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. Prov. 22.6

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem sou eu?




A solidão nos proporciona um contato íntimo com nós mesmos, momento de encarar sentimentos que nos habitam. A maioria das pessoas não suporta esse confronto com fantasmas, lembranças de coisas que querem esquecer, mas que as assombram, estejam ou não, sozinhas.

A solidão apavora porque evoca lembranças, desperta sons que teimam em voltar. Para abafá-los são convocados sons externos: música, quanto mais alta melhor, TV, ou qualquer outra coisa que impeça que a angústia interna cresça.

Estar só é encontrar-se com esse EU desconhecido, o SER que habita em nós. Conhecer-se é libertar-se. Quem não se conhece pensa ser o que os outros dizem que é.

O autoconhecimento liberta-nos do discurso do outro, dos vários discursos que ouvimos ao longo da existência que fizeram com que construíssemos uma falsa imagem de nós mesmos.

Não somos o que os outros dizem, somos outra pessoa, bem mais interessante, muito mais capaz, inteligente, perseverante, forte e feliz.

O autoconhecimento livra-nos da fantasia de que o outro é mais feliz. Essa fantasia nos cega, nos impede ver que, como nós, ele tem angústias, tristezas, fraquezas, compra compulsivamente e se endivida, come compulsivamente e engorda, disfarça, não fala de si mas fala dos outros, enquanto se esconde atrás das aparências.

Ao nos conhecermos, descobrimos que temos defeitos sim, muitos! Os outros estavam certos! Não podem perceber nossas qualidades, não querem que elas apareçam, por isso investem em nossos defeitos. Se acentuam nossos defeitos e erros, ficam parecendo melhores que nós. Não fazem isso por maldade, fazem apenas porque são humanos, errantes e, como nós, buscam aprovação.

Mas ao nos conhecermos de fato, vamos descobrir que, aos nossos defeitos se contrapõem virtudes que nem imaginávamos! Os defeitos apontam a nossa humanidade, todos os têm. As virtudes nos aproximam de Deus, elas fundamentam nossa força interior, fortalecem o nosso ego.

Quem sou eu? Responder a isso é decifrar o enigma da própria existência, é capacitar-se a enfrentar a convivência com outros indivíduos, sem artifícios, máscaras, fingimento, é estar apto a ser aceito pelo outro, ou não! Mas seguir em frente, com alegria, apesar disso.

Jamais seremos aceitos por todas as pessoas ao mesmo tempo. Sempre teremos que tolerar alguma rejeição da parte de alguém que, na verdade, não está obrigado a nos aceitar... Nem nós a ela... Se alguém nos rejeita não significa que somos inadequados, significa apenas que não agradamos àquela pessoa.

QUEM SOU EU? Se respondo essa pergunta, estou apto a suportar, com tranqüilidade, as pressões impostas pela vida em sociedade. E uma coisa é certa, somos imperfeitos, mas apesar disso, aceitos e absolutamente especiais para quem nos ama, admira e respeita.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Momentos

A vida nos possibilita vivenciar, com as pessoas que amamos, momentos que são muito especiais. Isso acontece o tempo todo e não percebemos, não nos damos conta de como são gloriosos todos os momentos se nossa família, amigos, parentes, cônjuges, gozam saúde. Disso sabe qualquer pessoa que tenha um parente, ou amigo, com um diagnóstico de doença grave ou incurável.

Essas pessoas aprendem o valor da vida vivenciando o medo da perda. Será que para mensurarmos o valor de alguém é necessário que esse alguém esteja em risco de morte? O que nos impede valorizá-lo antes disso? Ficamos ocupados em exigir, cobrar, reclamar, controlar, esquecidos de que o outro é apenas um ser - humano, e como tal, tem defeitos, muitos defeitos: é molenga, distraído, intolerante, descuidado, irresponsável, irritante, desleixado, relaxado, chato!

Ligados nos defeitos nem percebemos como é lindo o seu sorriso! Sorriso que um dia, inesperadamente, pode se apagar... Além disso, tem um jeito de andar só dele, um olhar único, incomparável! Nenhum outro olhar tem a mesma expressão e brilho, ninguém jamais se comunicará conosco com olhar semelhante.

Somos assim, cada um de nós, únicos! Peças humanas que não podem ser repostas. Por isso cada uma das pessoas singulares que passam por nós, nos proporcionam momentos muito especiais e únicos!

Gargalhadas... Gargalhadas são especiais, contagiantes! Também abraços, beijos, afagos, afetos...

Se as pessoas se vão, queremos ter de volta aquele sopro de vida, damos qualquer coisa por um sussurro, um olhar, um toque, mas temos tudo isso agora enquanto estamos juntos, vivos!

Que delícia assistir um filme, amontoados numa cama, comendo pipoca! Pouco importa se o filme é bom ou ruim, quanto pior melhor! Interrompemos mais vezes e nos divertimos rindo da escolha ruim, ou de quem escolheu... Não importa, desde que todos se divirtam.

Passear no shopping, na praia, de carro, ouvir música, discutir assuntos variados, concordar, discordar. Todos esses momentos são especiais, pois neles vibra a vida dos que compõem o grupo, o par.

Sentir o sol, contar estrelas, correr da chuva, pagar mico, rir, sorrir, chorar junto, compartilhar. São grandes momentos! É a vida!

Só a vida possibilita essas vivências, porque se ela acaba para alguém, não podemos fazer voltar para aquela pessoa. Podemos, sim, buscar novos momentos com outras pessoas, nada mais.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Parabéns mulher!

Nasceu menina: linda, vestida de rosa. Rosa cor, rosa flor.

Nasceu menina pra ser mulher: mistério que vibra, beleza que encanta, seduz.

Mulher... destinada a lutar, brilhar.

Chora, não por fraqueza, só quer compreensão, acolhimento.

Tem sensibilidade à flor da pele e uma fragilidade inaceitada, por isso luta, vai às últimas conseqüências, não se dá trégua.

Briga: quer se impor, persiste e se impõe.

Sem desanimar abre espaços, ocupa espaços, forja espaços e encanta.

Mostra o seu potencial de mulher: sorriso, lágrimas, dor, tristeza, alegria, força, garra, muita garra!

Por que chora? Do que ri? Quem sabe?

Mulher mistério, guerreira que chora mas segue em frente.

Mulher não desiste, se engana quem pensa o contrário, ela espera... e dá a volta por cima.

O que quer a mulher? Freud se foi sem saber... mas cada uma sabe o que quer, e todas sabemos que queremos ser felizes.

Para a mulher, felicidade é filhos saudáveis, alegres, encaminhados na vida e motivados.

Felicidade é poder escolher o próprio caminho, decidir a própria vida, é também ser única e especial para o homem que escolhe amar.

É Sentir-se bonita. Sentir é mais que ser.

Ser bonita é estar enquadrada num padrão instituído, sentir-se bonita é estar em estado interno de encantamento, estar feliz.

Beleza só rima com felicidade.

Que sejam felizes todas as mulheres!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O mundo sem mim...



Estamos nós aqui: integrados à vida, ao mundo natural, numa relação de dependência: ar, água, alimentos. Precisamos da natureza para sobreviver. Chegamos inacabados, dependentes de muitos cuidados. À medida que crescemos vamos nos desprendendo, de nossos cuidadores, nos individualizando.

Adolescentes desejamos a liberdade , e o sopro de um sentimento de soberania começa a nos envolver. Nos supomos donos do saber, nos achamos “excelentes”. Sabemos o que é melhor para nós: nossos pais nada sabem. Sabemos o que é melhor para nossos amigos: eles estão “por fora”. À medida que avançamos enlouquecemos um pouquinho, a cada dia, enquanto nos tornamos a "essência" do mundo.

A existência é curta, rápida! O jovem não sabe disso, não pensa nisso. A ignorância é, sem dúvida, benéfica em vários aspectos e este é um. Essa ignorância reflete a sabedoria contida na vida, ao programar nosso desenvolvimento psicológico. Não é bom pensar na morte quando se começa a viver. O ideal é pensar que temos todo o tempo do mundo, para fazer mais tarde, o que deixamos pra depois.

Geramos filhos. Nascem-lhes os primeiros dentinhos e não vemos, os primeiros passos são dados, ditas as primeiras palavras e a babá é quem recebe esses presentes que são nossos, porque, no momento, estamos cuidando do que “importa”, alimentados pela ilusão de que o mundo não subsiste sem nós, e de que teremos tempo para o resto.

Nos metemos no maior corre-corre, enquanto coisas essenciais são deixadas de lado. Em primeiro lugar está a empresa, que não é nossa, mas que não sobreviverá sem nós, o escritório, o consultório, o hospital, os amigos, a igreja, a comunidade, as comemorações, confraternizações... Que seria do mundo sem nossa presença! Somos necessários!

Chega a hora de partir (chega para todos), a vida é realmente curta... Nos vamos, mas ela segue adiante. A empresa continua a lucrar, outros profissionais se ocupam dos nossos clientes e pacientes. Amigos encontram outros amigos, a igreja outros líderes e fiéis, a comunidade outras pessoas. E as festas? Vão Continuar ótimas! Animadíssimas! Mesmo nós não estando lá...

Não somos a essência da vida, o mundo continuará sem nós... sem mim...

Não é uma coisa boa para se pensar, é melhor viver acalentado pela ilusão da nossa “importância” ilimitada, mas refletir sobre isso não deve nos deixar tristes ou deprimidos, deve sim nos tornar atentos em relação aos que realmente precisam de nós, do nosso afeto, da nossa presença, sorriso, atenção, amor. Para estes, somos essenciais sim, mas eles, até eles, continuarão sem nós...

Quando partirmos, na mente dos que nos amam, seremos uma lembrança, e conforme o modo como os tocamos no coração e na alma, se lembrarão dos bons momentos juntos, dos risos, do nosso riso, da nossa bondade, da nossa alegria, e das palavras ditas por nós, que contribuíram para elevar-lhes a autoestima.

O mundo continuará sem nós, mas poderemos viver um pouco mais nas mentes das pessoas amadas, que esboçarão um leve sorriso ao lembrarem-se do nosso riso, da nossa alegria e do quanto foram felizes conosco.

Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Tiago 4.14

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Somos únicos



Cada pessoa diante de nós, é muito mais do que somos capazes de ver, é uma riqueza imensa, um conteúdo de vivências familiares, afetos, idéias, valores, fantasias mescladas de realidade, conceitos e preconceitos.

Independentemente da condição social, assim é construída a subjetividade humana. Somos seres complexos e toda essa complexidade leva cada um de nós, por vezes, a ter uma visão distorcida da realidade que nos cerca, não apenas da nossa realidade, mas da realidade que concerne ao outro.

Nossa visão distorcida nos faz errar ao tecermos opinião sobre um outro, do qual conhecemos a superfície.

Pior ainda, quando baseamos nossa opinião no depoimento de outra pessoa, quando não paramos para questionar, avaliar o que ouvimos e aí nos tornamos injustos, julgamos sem conhecer - gostamos se o outro gostou, mas porque gostou? Não gostamos porque o outro não gostou. Baseado em que?

Nós perdemos por não conviver, conhecer alguém que talvez tivesse muito para nos acrescentar, de suas vivências e experiências.

Nada podemos opinar sobre um livro que não lemos. Não podemos julgá-lo pela capa, precisamos lê-lo até à última página, nem que seja para afirmar: “li e não gostei”, o que não impede , é claro, que outros leiam e gostem. Como um filme do qual não gostamos, à vezes porque não pudemos alcançar a mensagem nele contida, mas quem entender vai gostar.

Cada pessoa é um livro a ser lido, página por página. Com interesse e atenção para apreender o conteúdo, podemos descobrir preciosidades, riquezas que só pertencem aquele indivíduo, histórias de risos e lágrimas, de dor e superação, amor e desamor, histórias que o transformaram na pessoa que é.

Entretanto, pessoas são pessoas e livros são livros, estes podemos encontrar muitos sobre o mesmo assunto, já pessoas são únicas. São como uma edição de um só e valioso exemplar. Raríssimas e preciosas.

Pobres de nós que às vezes nos esquecemos do quanto são preciosas as pessoas com as quais convivemos, aquelas que amamos, mas que num dia qualquer podem se ir de nós, porque estamos de passagem.

O desconhecido nos assombra, sejam pessoas ou outra coisa, como a morte, isso porque alimentamos a ilusão de que temos o controle do conhecido, entretanto não controlamos nada, não conhecemos nada, nem a nós mesmos.

Quem sabe como vai se comportar num assalto? Ninguém sabe. Em cada um de nós existe o misterioso inconsciente que em momentos inusitados assume inesperadamente o controle de tudo e agimos de forma inesperada, o que significa que há um desconhecido em cada um de nós, capaz de nos trair e jogar por terra tudo o que pensamos ser.

Um desconhecido com poder de desconstruir as nossas verdades sobre nós mesmos, no exato momento em que somos pegos por qualquer inusitada circunstância da vida.

É esse desconhecimento que nos desautoriza a julgar o outro apenas pelo que pensamos conhecer, porque o que vemos pode não ser como que parece, assim como não somos do jeito que aparentamos ser.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Alegria




“A alegria pede passagem!” diz uma voz daTV ao anunciar a abertura das festividades do carnaval. Alegria com dia e hora marcados, suposta alegria de dentes expostos num sorriso espástico, que apela silenciosamente: É carnaval! Anime-se!

Vivemos assim, de alegria em alegria durante o ano todo. Passagem de ano, carnaval (alegria expiada na quarta-feira de cinzas), precursora da quaresma que culmina na paixão e morte de Cristo.

A morte do Cristo impossibilita qualquer alegria. Mas ele ressurge, é páscoa! Alegria regada a ovos de chocolate, alegria dos fabricantes!

A ressurreição é maravilhosa! O Cristo alegria dos homens, festejado no Natal, morreu, mas ressuscitou para perenizar a alegria. Coisa profunda demais e ninguém quer saber disso, não dá retorno financeiro... Ou dá?

E a vida segue: dia das mães - viva o comércio! - dia dos pais, das crianças e Natal! De alegria em alegria vamos vivendo.

Enquanto as datas não chegam voamos apressados de um lado para o outro porque é preciso nos aprovisionarmos financeiramente, alegria custa caro! É o jugo capitalista e nos submetemos a ele.

E se pudéssemos ser alegres todos os dias sem pagar nada por isso?

Já fomos assim um dia. Festejávamos o vôo das borboletas, enlouquecíamos correndo atrás delas, na maior alegria! Mas o sistema engoliu as borboletas, alterou o ecossistema... não há mais borboletas, porque não há jardins, pés de manga, de goiaba, jambo...

Que alegria uma pipa no céu! Oooh! Puseram cerol na linha e a alegria entristeceu...

Brincar na rua, jogar amarelinha, queimada, pique esconde... nada disso é possível mais...

Tanta alegria achar uma bala, perdida por alguém que deixava cair enquanto brincava, era uma farra... todos se amontoavam em cima uns dos outros e da bala, que se sujava toda... a gente limpava na roupa e cada um tirava um pedaço... uma bala para vários, um pedacinho de nada... era uma alegria só!

Hoje é a bala que acha a gente, e as crianças não brincam mais na rua para não serem achadas por uma bala perdida... culpa da violência, filha do sistema de consumo.

O que alegra as crianças hoje, se não há flores, nem borboletas, nem brincadeiras na rua?

Crianças sempre descobrirão uma nova forma de alegrarem-se, se forem amadas, amparadas, cuidadas, queridas, o que garante que sempre vamos poder dar de cara com a alegria, nos espreitando no brilho dos olhos de uma, ou de várias crianças.

A alegria é algo incitável que mora dentro de nós e se espelha nos pequenos olhos infantis, que nos fitam e sorriem sem nada pedir em troca. Olhos que, por enxergá-la, brincam com nosso olhar, provocando-a.

Alegria é, na verdade, uma cócega que acontece em nosso coração, sempre que nossos olhos fitam o belo, o simples, a obra do artista, o sorriso da criança, a beleza da criação de Deus.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sonhar é construir projetos no mundo das representações



As maiores realizações na nossa vida se iniciam no mundo das representações. Sonhamos nossos projetos e lá no imaginário os edificamos. No mundo representativo podemos criar deslumbrantes colinas e nelas construir os mais belos castelos, habitados por príncipes ou princesas, mas torná-los reais requer descer das suas torres envoltas em nuvens e pisar o árido chão da realidade, essa rude senhora que exige de nós força de vontade e foco.

Há muita gente que passa a vida sonhando e nada realiza, passa a vida encastelada nas nuvens da imaginação. Realizar requer, além de acreditar em si mesmo, firmeza e ação. Alguns sonham e esperam que Deus realize seus sonhos, esses passam a vida à espera de um milagre, e não avançam não se esforçam, esperam cair do céu.

Deus não faz o trabalho que é nosso, não tira de nós a alegria da vitória que podemos conquistar com a nossa capacidade. Desfrutar as realizações conquistadas com nossos esforços, é o tônico da nossa auto-estima, o Criador não pode nos privar desse gozo.

Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andares. Jos. 1.9

Há os que sonham sonhos para outros (filhos, sobrinhos, parentes). Os outros são indivíduos com direito e capacidade para fazer as próprias escolhas, sonhar os próprios sonhos, acertar, ou errar, perder ou ganhar, com direito a viver a própria vida.

Existem pessoas plenas de capacidade de realização, que se boicotam e nada realizam. Começam tarefas e não as concluem, iniciam cursos e os abandonam. Pessoas inacabadas que inconscientemente estão em busca de algo que não sabem o que é, estagnadas sofrem, tanto quanto aquelas que conseguem finalizar, mas não encontram nas suas realizações satisfação plena.

Estas conseguem sucesso profissional e financeiro, mas são afetivamente fracassadas, pois não há realização profissional ou financeira que preencha o vazio de um coração infeliz pelo fracasso afetivo, para estas o que resta ao final de cada dia é apenas uma enorme sensação de incompetência.

Muitas pessoas entram num relacionamento afetivo e param de sonhar, acreditam que ao firmarem um compromisso concluíram ou concretizaram o sonho, quando na verdade, firmar um compromisso nada mais é do que um acontecimento como, por exemplo, passar no vestibular.

A aprovação no vestibular é um passo apenas, porque há pela frente uma faculdade a cursar, e para isso será necessário muito investimento em tempo, dinheiro, vida. Concluído o curso, o diploma não é a realização do sonho, porque há uma carreira a seguir, que requer investir em mais conhecimentos como pós-graduação, atualizações, reciclagens, etc. Um relacionamento afetivo é também um lugar onde dia a dia temos que fazer investimentos voltados para a concretização do que sonhamos.

Ao fazer uma avaliação das nossas conquistas, podemos determinar com alguma precisão quanto temos conquistado ao longo do tempo, verificar nosso progresso, descobrir quantos de nossos sonhos fomos capazes de tornar reais e quantos estão em vias de realização. Cabe averiguar se estamos mantendo o foco, pois a perda do foco é a ruína do sonho.

Importa acreditar que é possível vencer e que a felicidade é algo viável. Ideal é manter sempre uma pitada de insatisfação, necessária para avançar, a fim de fazer real tudo o que, no início, era apenas sonho.