quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Casar é ser feliz ou fazer o outro feliz?


Os dois se casam cheios de vida, de esperança e sonhos, vivem plenamente a alegria de estar juntos até que um dia se dão conta de que já não se entendem mais, e seguem tentando descobrir onde erraram, onde as esperanças se perderam, aonde o sonho acabou.

Pareciam ter sido feitos um para o outro, combinavam em tudo: gostavam das mesmas coisas, riam das mesmas piadas, curtiam a mesma música, tinham tantos assuntos em comum e agora quase não se falam mais, qualquer conversa termina em discussão. O que aconteceu com eles? Em que mudaram?

Não mudaram, sempre foram os mesmos: com personalidades próprias, modos particulares de ver a vida, idiossincrasias, histórias de vida, bagagem cultural adquirida na família de origem, conflitos pessoais, qualidade e defeitos, foram para o casamento na expectativa de tornarem um, mas lá chegando descobriram que são dois e não podem funcionar como um, pois são diferentes, quase incompatíveis.

O casamento adoece quando um dos cônjuges, rejeita as diferenças e quer, mudar o outro, colocá-lo numa forma, forçá-lo a agir segundo um padrão de funcionamento diferente, na ânsia de tornarem iguais. Não somos iguais, somos diferentes, temos personalidade, temperamento, modos de pensar, sentir e agir diferentes e é essa diferença que enriquece a vida e os relacionamentos.

Algumas pessoas se casam na expectativa de se tornarem pessoas felizes ou para fazer o outro feliz. Casar para ser feliz, é entrar no casamento para sofrer, porque entra trazendo uma demanda de felicidade dirigida ao outro, que não lhe pode atender, não que não queira, mas que não pode, porque não lhe compete, pois quem era infeliz antes de casar vai continuar infeliz depois do casamento, pois sua expectativa de felicidade ou está vinculada a uma história infeliz que trouxe na bagagem, ou a um modo particular de ver a vida, que não se resolverá casando-se.

E quem se casa para fazer o outro feliz, ignora que ninguém tem o poder de fazer alguém feliz. Podemos fazer alguém sorrir, podemos alegrar alguém com um presente, um passeio, um elogio, mas felicidade é algo pessoal, transcendente, vinculado à subjetividade de cada um. Todos nós temos uma história de vida, determinante do nosso modo de sentir, viver, perceber as situações à nossa volta, enfim, lidar com a realidade, por isso felicidade é algo pessoal, um modo particular de ver a vida, encarar os fatos, vivenciar aspectos positivos e negativos que deparamos no dia a dia.

Casar é compartilhar, ou seja, dividir ou repartir, não é, necessáriamente fazer coisas juntos, aliás, muitas vezes é deixar que o outro faça o que tem que fazer sozinho, é permitir ao outro respirar. Compartilhar também não é ter o mesmo modo de pensar, mas entender que o outro tem direito de pensar diferente. Não é ter o mesmo sentimento, porque o outro sente de outro modo, conforme suas vivências, e o que toca profundamente um, pode não ter o mesmo significado para outro.

Compartilhar é colocar sobre a mesa o que se possui: qualidades e defeitos, semelhanças e diferenças, pontos fracos e fortes e constatar que o casal é igual apesar das diferenças: igual nas fragilidades, igual nos medos e angústias, igual no desejo de receber amor, igual na impossibilidade de satisfazer plenamente o outro, e que, apesar de tudo, cada cônjuge pode compartilhar, para o bem do casamento, o melhor de si.

Compartilhar é dividir ou repartir compreensão, respeito e aceitação. O melhor que um cônjuge pode fazer em favor do outro é compreender que o outro é limitado, é respeitar suas limitações e aceitá-lo apesar disso.

Compartilhar compreensão, respeito e aceitação é amar, e amar assim é ser e fazer feliz.

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