quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Somos únicos



Cada pessoa diante de nós, é muito mais do que somos capazes de ver, é uma riqueza imensa, um conteúdo de vivências familiares, afetos, idéias, valores, fantasias mescladas de realidade, conceitos e preconceitos.

Independentemente da condição social, assim é construída a subjetividade humana. Somos seres complexos e toda essa complexidade leva cada um de nós, por vezes, a ter uma visão distorcida da realidade que nos cerca, não apenas da nossa realidade, mas da realidade que concerne ao outro.

Nossa visão distorcida nos faz errar ao tecermos opinião sobre um outro, do qual conhecemos a superfície.

Pior ainda, quando baseamos nossa opinião no depoimento de outra pessoa, quando não paramos para questionar, avaliar o que ouvimos e aí nos tornamos injustos, julgamos sem conhecer - gostamos se o outro gostou, mas porque gostou? Não gostamos porque o outro não gostou. Baseado em que?

Nós perdemos por não conviver, conhecer alguém que talvez tivesse muito para nos acrescentar, de suas vivências e experiências.

Nada podemos opinar sobre um livro que não lemos. Não podemos julgá-lo pela capa, precisamos lê-lo até à última página, nem que seja para afirmar: “li e não gostei”, o que não impede , é claro, que outros leiam e gostem. Como um filme do qual não gostamos, à vezes porque não pudemos alcançar a mensagem nele contida, mas quem entender vai gostar.

Cada pessoa é um livro a ser lido, página por página. Com interesse e atenção para apreender o conteúdo, podemos descobrir preciosidades, riquezas que só pertencem aquele indivíduo, histórias de risos e lágrimas, de dor e superação, amor e desamor, histórias que o transformaram na pessoa que é.

Entretanto, pessoas são pessoas e livros são livros, estes podemos encontrar muitos sobre o mesmo assunto, já pessoas são únicas. São como uma edição de um só e valioso exemplar. Raríssimas e preciosas.

Pobres de nós que às vezes nos esquecemos do quanto são preciosas as pessoas com as quais convivemos, aquelas que amamos, mas que num dia qualquer podem se ir de nós, porque estamos de passagem.

O desconhecido nos assombra, sejam pessoas ou outra coisa, como a morte, isso porque alimentamos a ilusão de que temos o controle do conhecido, entretanto não controlamos nada, não conhecemos nada, nem a nós mesmos.

Quem sabe como vai se comportar num assalto? Ninguém sabe. Em cada um de nós existe o misterioso inconsciente que em momentos inusitados assume inesperadamente o controle de tudo e agimos de forma inesperada, o que significa que há um desconhecido em cada um de nós, capaz de nos trair e jogar por terra tudo o que pensamos ser.

Um desconhecido com poder de desconstruir as nossas verdades sobre nós mesmos, no exato momento em que somos pegos por qualquer inusitada circunstância da vida.

É esse desconhecimento que nos desautoriza a julgar o outro apenas pelo que pensamos conhecer, porque o que vemos pode não ser como que parece, assim como não somos do jeito que aparentamos ser.

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