Ser mãe,
sonho e desejo de muitas mulheres, mas sonhos e desejos pertencem a um lugar
psíquico que não comporta a realidade. Sonhos e desejos estão envoltos em
nuvens, fantasia, imaginação. São sempre perfeitos, e nisso distinguem-se do
real palpável. O real se sujeita à dinâmica da vida e sofre transformações,
queiramos ou não. É no real que devemos pensar naquele serzinho fofo envolto em
mantas, frágil, sensível à luz, sons, temperatura...
Criaturinha
linda e perfumada, saída dos sonhos, que emite sons graciosos e que, com o
passar dos dias e meses, começa demonstrar sua voluntariedade e rapidamente descobre
modos de comunicar sua vontade. Começando a perceber o que funciona, ou não, logo
vai testar novas formas de obrigar a mamãe a atender seus desejos, no seu
tempo, ou seja, aprende a “jogar” para conseguir o que deseja, na hora que
quer.
Nesse ponto
começa o peso da maternidade, a dificuldade para pôr de lado o coração a fim de
agir com a razão, é chegado o momento de olhar para o bebê, cada dia mais
encantador, e começar a mostrar quem está no controle, e que a vontade da mamãe
precisa prevalecer.
Bebês nos
hipnotizam, parecem zombar da nossa ignorância sobre eles. Jogam olhares,
doçura, charme, nos seduzem, mas quando lhes convém esperneiam, dão tapas,
chutam, gritam e se ficamos no transe em que nos puseram, perdemos a
oportunidade de educá-los! Ser mãe é aprender a olhar para o filho, com um olho
no presente e outro no futuro, pois eles crescem, e mãe quer sentir orgulho do
filho que tem.
Um bom
caráter se forma com limites, diálogo, afeto. Isso requer barrar, frustrar,
dizer não, ou os fofinhos logo transformam a família, a escola e a
sociedade num caos. Se tornam pessoas infelizes e espalham infelicidade
por onde passam. Dar limites é desgastante, pode durar alguns anos para os mais rebeldes, é repetitivo, mas fundamental à paz na família e sociedade, e mais que isso é referência de amor para a criança.
Pensar
nisso no momento em que se debate a redução da maioridade penal, é muito
importante, pois nos faz lembrar que os delinquentes juvenis, todos eles, sem
exceção, foram um dia bebês fofinhos, amáveis,
lindos e amados, capazes de despertar em nós os mais lindos sentimentos...
Não nasceram bandidos, se tornaram bandidos por falta de investimento familiar
e social.
Devemos
refletir, não para justificar os atos deles, mas para lembrar que educação,
princípios relacionais, limites, respeito aos direitos alheios e às pessoas
começa em casa e é introduzido por pais e mães, principais responsáveis pela construção do caráter da
criança. É essa construção que faz com que não sejam bandidos. Refletir para
não fazer vistas grossas às pirraças, malcriações, trapaças.
Há milhares
de mães desmotivadas para festejar essa data que movimenta tantos afetos, porque
lhes dói ter filhos perdidos para as drogas e o crime, mães que buscam
respostas, tentando saber onde erraram e se desculpam dizendo que trabalharam
tanto, fizeram de tudo pra não faltar nada aos filhos... Mal sabem que faltou, firmeza,
faltou olhar o presente e o futuro ao mesmo tempo, faltou lembrar que eles
crescem...
Filhos precisam
de mães que sejam referência na vida deles e mães não precisam de nada, apenas
de filhos dos quais possam se orgulhar.
Prov. 29.17 Corrige teu filho, e ele te dará descanso,
sim, ele agradará teu coração.