O Dia internacional da Mulher foi criado há 156 anos em homenagem
às 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton em
Nova Iorque que, reivindicando redução da jornada de trabalho de 12 para
10 horas diárias, fizeram greve. Uma ousadia que lhes custou a vida, já que
reprimidas pela polícia, refugiaram-se acuadas no interior da fábrica, e os
patrões trancando a porta, atearam fogo. Asfixiadas e carbonizadas, todas
morreram, no dia 08 de março de 1857. Foi o fim da primeira greve
exclusivamente feminina.
Mundo a fora na ação e voz de várias mulheres a luta por vários
direitos, liberdades e igualdades continuou. Reivindicação legítima que
possibilita às mulheres atuais o privilégio de ocuparem lugares e posições
antes reservadas apenas a homens. De astronautas a taxistas, de vereadoras a
presidentas, em vários lugares no mundo, mulheres têm galgado posições de
destaque em todas as esferas do poder e do conhecimento humano. Mas nem tudo é
festa, ainda há muito a ser conquistado por mulheres de outras culturas e
religiões fundamentalistas, que permanecem sem voz e direitos.
É também lamentável o fato de que, onde as conquistas foram feitas, a
história dessas conquistas não é propagada com a veemência necessária. As
mulheres que usufruem direitos e liberdades, precisam conhecer de perto
os detalhes da história dessas conquistas, para não apenas valorizarem a luta
das antecessoras, mas também valorizarem a si próprias.
As mulheres do passado, queriam além dos direitos de cidadania, fazer
mais do que servir a mesa e ao homem, precisavam ser reconhecidas e valorizadas
socialmente por sua intelectualidade, aspiravam a oportunidade de mostrar
capacidade mental e força produtiva, e alcançaram seu objetivo. Entretanto, não
há como negar que há, hoje, uma parcela grande de mulheres que pegaram um
atalho sinuoso e caminham na contramão das conquistas e, se o fazem, é porque
desconhecem sua origem e o preço pago por suas antecessoras.
Basta abrirmos um jornal, revista ou mesmo jogar qualquer palavra num
site de pesquisa na rede, que nos deparamos com mulheres seminuas, de nádegas
ou seios turbinados, expostas como mercadoria, aguardando o melhor lance, de
olho nos milhões dos jogadores de futebol. Quem der uns trocados a mais leva
aquele corpo para ser usado, explorado, exibido, e descartado. Mulheres lindas,
supostamente inteligentes, mas desinvestidas de valor próprio. Felizmente nem
todas acabam como Eliza Samudio, que caiu nas garras mortais do goleiro Bruno,
mas todas sofrem humilhações em busca de uma vida fácil, de luxo e
ilusão.
É hora das mulheres que educam meninas acordarem! Precisamos burilar
as meninas de hoje de modo a fazer delas joias, torná-las mulheres plenas de valor
intrínseco, mulheres que jamais aceitem ser tratadas como bijuterias. Mulheres
conscientes do seu valor como pessoas, sabendo quem são e quanto valem.
Joias têm preço diferenciado, recebem olhar diferenciado e quando
adquiridas, são cuidadas com zelo, carinho e respeito, pela importância que
lhes é inerente. Bijuterias, por mais lindas que sejam, são sem conteúdo de
qualidade, falta-lhes valor potencial, por lhes faltar essência. O tempo
destrói bijuterias, mas joias são perenes.
Forjar uma joia é trabalho de ourives, requer sensibilidade e
inteligência de um especialista dedicado, com disposição para investir tempo,
conhecimento e vontade.
Mulher virtuosa, quem a achará? Ela vale muito mais do que joias preciosas. Prov. 31.10