Ser Mãe é
imaginar um lindo quadro, pensar o desenho, visualizar o resultado e pincelada
após pincelada colorir o sonho, harmonizar as cores, sabendo que chegará o
momento em que o desenho saltará da tela, ganhará vida e irá em frente... é parir, cuidar, educar e deixar ir...
Este é o desejo
de todas as Mães, mas não é assim com todas, pois algumas, por força das
circunstâncias serão, para toda a vida, Mães Especiais de Filhos Especiais:
autistas, down, e tantas outras síndromes,
que escolhem alguns para serem amados de forma particular, por essas incansáveis
Mães.
Não estão
sozinhas, a elas se juntam muitas outras que tiveram filhos saudáveis,
mas que por circunstâncias da vida adoeceram, se acidentaram, e ficaram dependentes
de mães igualmente incansáveis que terão que caminhar lado a lado, numa batalha
diária, alegrando-se com as pequenas conquistas.
Mas há Mães
de braços vazios, que gestaram felizes, esperando o momento de segurar o filho
sonhado, que logo partiu, deixando uma dor e um vazio. Vazio também restou às mães
que, por dias, meses e anos, embalaram, acariciaram, amaram e num momento trágico
perderam... São mães de olhos úmidos, coração
apertado, que procuram nos rostos que passam nas ruas, a imagem do que se
foi... Mãos vazias, nó na garganta e uma pergunta sem resposta: por quê eu?
Impossível não
lembrar das centenas de Mães que aguardam um milagre, insones, à beira de um
leito, sem calar a prece que trazem no coração. Milagre também esperam as mães
de desaparecidos, ansiosas por encontrá-los um dia... Mães de luto e Mães que
lutam, por filhos perdidos na vida, no tráfico, no vício, à margem... que não
dormem por medo da notícia ruim que, a qualquer momento, chegará...
Especiais as Mães
do coração, de coração, às quais foi negado o dom de parir, mas não desistiram e
receberam como seus os filhos que escolheram amar, e amam, amam, amam como aquelas que, mesmo tendo os seus, acolheram outros, por terem amor de sobra para dar.
Mães especiais trabalham
fora e sentem culpa por não estarem perto, trabalham dentro e sentem culpa por
estarem ocupadas demais, outras nem trabalham tanto, e sentem culpa por acharem
que deviam ser mais presentes, e as presentes sentem culpa por estarem perto
demais....
Mães...
não há melhores nem piores...
Mães são pessoas,
sensíveis, frágeis, que se fortalecem ao perceberem que entraram num
caminho sem volta e que estão enlaçadas e definitivamente ligadas à vida do filho,
em um nó invisível, impossível de ser desfeito.
A
todas as Mães Especiais: Feliz dia da Mães!
Pode uma mulher esquecer-se do filho que
ainda amamenta, a ponto de não se compadecer do filho do seu ventre? Mas ainda
que ela se esquecesse, eu não me esquecerei de ti. Eu te gravei na palma das
minhas mãos. Isaías 49. 16-16a